quarta-feira, 17 de junho de 2009

O 'Rapaz do Gueto de Varsóvia'



[A tradução e adaptação são minhas e o texto original pode ser lido aqui.]
É, provavelmente, a imagem mais memorável e reconhecida do Holocausto: um jovem rapaz assustado, aparentemente sentenciado, com os braços levantados, juntamente com outros Judeus do gueto de Varsóvia, sob o olhar de um soldado Alemão armado (…).

Contráriamente à lenda, o "rapaz do gueto" não foi morto. Sobreviveu ao internamento em tempo de guerra em Varsóvia e a um campo de concentração Alemão. Várias décadas depois de ter sido levado, um médico de Nova Iorque, Tsvi C. Nussbaum, revelou que ele era o rapazinho daquela famosa fotografia. "Lembro-me de que estava um soldado à minha frente e que ele ordenou que eu levantasse as mãos", recordou Nussbaum mais tarde.

Após a intervenção do seu tio, foi permitido ao jovem de sete anos juntar-se à sua família. Juntamente com os seus familiares, o jovem Nussbaum foi deportado de Varsóvia, em 1943, para o campo de Bergen-Belsen, na parte ocidental da Alemanha. Depois da libertação, no final da guerra, foi para Israel, de onde emigrou para os Estados Unidos em 1953. Em 1990, estava a viver em Rockland County, Nova Iorque.

A história de Nussbaum foi sujeita a um exame crítico e apurado e até mesmo décadas depois ainda havia dúvidas quanto à sua semelhança com o rapaz da foto.

Os historiadores Judeus do Holocausto “que desde sempre consideraram a fotografia como um espécie de documento sagrado” não ficaram muito satisfeitos com a revelação de Nussbaum, revelou o The New York Times, porque “estavam convencidos que o poder simbólico da fotografia ficaria diminuido se ficasse provado que o miúdo tinha sobrevivido .” O próprio Nussbaum ficou surpreendido com tais preocupações. “Nunca percebi como poderia alguém colocar o peso de seis milhões de Judeus nessa fotografia”, disse ele. “Para mim, pareceu-me ser um incidente no qual eu estive envolvido, e apenas isso.”

Dr. Lucjan Dobroszycki, do Yivo Institute, um centro historico Judaico em Nova Iorque, alertou para o facto de que “esta grande fotografia do evento mais dramático do Holocausto requer um nível de responsabilidade mais alto da parte dos historiadores do que qualquer outra pessoa. É demasiado sagrado deixar as pessoas fazerem com ele aquilo que querem”.

Por outras palavras, Dobroszycki sugere que a verdade histórica não deve ser permitida porque diminui o impacto emotivo da fotografia e toda a sua utilidade.

Amplamente vista como uma das imagens mais ponderosas e emocionais deste século, a fotografia mostra o destino trágico dos Judeus da Europa durante a Segunda Guerra Mundial, mas de uma maneira bastante diferente daquela que muitas pessoas acreditam.

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