A Ucrânia e as suas comunidades de emigrantes espalhadas pelo Mundo, irão comemorar este ano o 78º aniversário de um dos mais trágicos acontecimentos do século XX: a “Grande Fome de 1932-1933”, também designada de Holodomor.
Morreram entre 3 a 6 milhões de ucranianos - sobretudo camponeses - em consequência de uma fome artificialmente provocada pelo regime soviético dirigido por Estaline. Este genocídio teve como principal objectivo “castigar” os camponeses - a base social da nação ucraniana - devido à sua resistência à colectivização da agricultura e ao apego que manifestavam pela cultura e tradições nacionais.
Numa clara demonstração dos seus intentos criminosos, o Governo da União Soviética executou de forma implacável as seguintes medidas:
• confiscação das colheitas e das reservas alimentares dos camponeses ucranianos, recorrendo a todo o tipo de violências e abusos e colocando em grave risco a sua sobrevivência;
• repressão de qualquer forma de resistência (deportação de populações; detenção em campos de concentração e fuzilamentos);
• encerramento, pela polícia, das fronteiras da Ucrânia, impedindo que os camponeses procurassem alimentos na Rússia e em outras regiões, ou os transportassem para a Ucrânia;
• proibição da venda de bilhetes de comboio e instalação de barreiras policiais nas estações ferroviárias e nas estradas que levavam às cidades. Centenas de milhar de famintos foram assim obrigados a regressar às aldeias, morrendo de fome;
• revogação dos direitos de autonomia cultural, linguística e política da nação ucraniana, incluindo as comunidades que viviam nas outras regiões da União Soviética;
• repressão da elite cultural e política (escritores, sacerdotes, dirigentes políticos, artistas, etc.), sob a acusação de nacionalismo.
O regime soviético, enquanto ia exportando para o estrangeiro milhões de toneladas de cereais, rejeitava as informações transmitidas pela imprensa ocidental, bem como as ofertas de auxílio humanitário.
Durante mais de 50 anos a diáspora ucraniana procurou divulgar a verdade sobre o Holodomor. Com esse objectivo, apoiou a investigação realizada por diversas entidades académicas, tais como a Comissão do Congresso dos Estados Unidos da América, presidida pelo historiador James Mace (1988) e a Comissão Internacional de Inquérito da Fome de 1932-1933 na Ucrânia, dirigida pelo jurista Jacob Sundberg (1990).
Só depois da desagregação da União Soviética e da recuperação da independência nacional ucraniana (1991), é que foi possível romper com o silêncio e a mentira, sendo instituído, no quarto sábado do mês de Novembro, o “Dia da Memória das Vítimas da Fome e das Repressões Políticas” e aprovada uma declaração do Parlamento da Ucrânia.
Em 2003, no âmbito das comemorações dos 70 anos do Holodomor, realizaram-se vários encontros académicos. Na conferência internacional, de Vicenza (Itália), sob o patrocínio do Presidente da República Italiana Carlo Ciampi, foi aprovada uma declaração - subscrita por 28 personalidades académicas da Itália, Alemanha, Ucrânia, Polónia, Canadá e E.U.A. - apelando ao Parlamento italiano, bem como a Silvio Berlusconi, que exercia a presidência rotativa da União Europeia, e a Romano Prodi, Presidente da Comissão Europeia, no sentido de promoverem o reconhecimento internacional do Holodomor como um acto de genocídio.
Em Paris, na Universidade da Sorbonne, também se realizou uma conferência sobre o tema, com a participação de historiadores de diversos países. Nessa ocasião, foi apresentado um apelo, dirigido à Assembleia Nacional francesa e ao Parlamento Europeu, para o reconhecimento da fome de 1932-1933 na Ucrânia, enquanto acto de genocídio.
Em Kiev, na sequência do encontro académico internacional intitulado "É Tempo de Dizer a Verdade", em que estiveram presentes especialistas deste período histórico, bem como deputados, representantes dos meios diplomáticos e da comunicação social, foi igualmente aprovada uma resolução, apelando ao reconhecimento internacional do genocídio Por sua vez, os órgãos de soberania de diversos países (Ucrânia, E.U.A., Canadá, Estónia, Argentina, Austrália, Itália, Hungria, Lituânia, Geórgia ou Polónia) já reconheceram o carácter genocidário do Holodomor.
Na 58.ª Sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas (2003) foi elaborada uma declaração, com o apoio de 63 estados-membros, prestando homenagem à tragédia nacional do povo ucraniano.
Mais recentemente, o Presidente Viktor Yuschenko (Novembro de 2005) e os participantes do 4.º Fórum Mundial dos Ucranianos (Agosto de 2006) apelaram à comunidade internacional para reconhecer o Holodomor como um acto de genocídio. Em resposta a esses apelos, foram desenvolvidas diversas iniciativas: propostas de resolução nos parlamentos da Bélgica, França e no Parlamento Europeu; petições no Senado Federal do Brasil e na Assembleia da República Portuguesa; apelos aos parlamentos da Coreia do Sul, Islândia, República Checa, Roménia, Israel, Reino Unido, Espanha, Montenegro, etc."
O mais influente jornal Americano enganou inclusivamente os seus compatriotas sobre os milhões Ucrânianos mortos à fome como consequência do programa de colectivização à força do líder Soviético Estaline no início dos anos 30.
Leiam mais sobre este assunto aqui ou aqui e também aqui.
domingo, 17 de julho de 2011
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