sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Robert Novak


Sabe o nome do conhecido jornalista americano (e personalidade da televisão) que publicou uma vez uma coluna a sugerir a existência de uma grande conspiração por detrás do atentado na cidade de Oklahoma, levantando questões sobre o envolvimento de um informador secreto federal?

Este mesmo jornalista irritava frequentemente o lobby Judeu com a sua cândida reportagem, que incluía provas de que Israel sabia que o USS Liberty era um navio Americano quando forças Israelitas o atacaram a 8 de Junho de 1967.

Se você adivinhou que o jornalista era
Robert Novak estava certo. No entanto, após a sua morte do veterano jornalista, amplamente divulgada , a 18 de Agosto, praticamente todas as descrições da notável carreira de Novak omitiram esses factos provocantes.

A 20 de Outubro de 1997, Novak chocou muitas pessoas com uma coluna no The Washington Post descrevendo como "questões graves e preocupantes" levantadas por Ambrose Evans-Pritchard, um distinguido jornalista britânico, que estava a sugerir que um misterioso imigrante Alemão Andreas Strassmeir - que estava a operar nos círculos “patriota" e "separatista Branco" nos Estados Unidos, pode ter sido um informante disfarçado que se deslocava com Tim McVeigh no dia anterior ao atentado de Oklahoma.

Novak realçou que Evans-Pritchard “não era nenhum lunático da teoria da conspiração lunática", mas sim que "era conhecido em Washington pela exactidão, pelo trabalho e pela coragem" e que ele tinha "oferecido pistas para a descoberta de um padrão de mentiras e enganos depois de Oklahoma que, ao serem verdadeiras, aproximaria este caso do Vietname e Watergate, num minar da confiança dos cidadãos americanos no seu governo."

Continue a ler mais sobre este assunto
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Porque Se Tornou Shlomo Sand Uma Pessoa Incómoda?

Parece que a censura à liberdade de expressão atinge todos. Será Shlomo Sand também "nazi" ou "anti-semita"?...




E o que é que incomoda tanto os Sionistas e os seus lacaios para tentarem, por todas as formas, impedir que a verdade seja revelada?

Demolindo as Muralhas de Jericó: Serão os Judeus Um Povo Inventado?


Isto é o que os arqueólogos aprenderam depois de terem efectuado escavações no território de Israel: os Israelitas nunca estiveram no Egipto, não vaguearam pelo deserto, não conquistaram a terra através de qualquer campanha militar (...). Talvez o mais difícil e o mais duro de engolir seja o facto de que a monarquia unida de David e Solomão, que é descrita pela Bíblia como um poder regional, foi, no máximo, um pequeno reino tribal.

Pode ler sobre este assunto
aqui.

Percebe-se, assim, muito melhor o texto que a seguir publicamos e que, apesar de já não ser uma novidade, merece toda uma nova leitura e uma reflexão.


JUDEUS, UM POVO INVENTADO?

Sim, diz o historiador Shlomo Sand num livro que há meses é um best-seller em Israel. Não há um povo judeu como “nação-raça”, apenas uma religião judaica, que sobreviveu pela conversão. O exílio, em 70 d.C. é um “mito”, cristão e sionista. E os palestinianos de hoje serão os “genuínos descendentes” dos antigos habitantes do reino de David. “É uma obra radical”, reconhece o autor ao P2. “Fascinante”, concordam admiradores e críticos.

Shlomo Sand, historiador na Universidade de Telavive, é "um homem muito corajoso". É ele quem se vangloria ao P2, depois de ter publicado um livro (em hebraico e em francês) e um artigo (no Monde Diplomatique) onde conclui, após oito anos de estudos, que "o povo judeu é uma invenção".
Não, escreve Sand, no século XIII a.C. Moisés "nunca poderia ter conduzido os hebreus para fora do Egipto até à Terra Prometida, porque esta era território egípcio". Não, "não há qualquer vestígio de uma revolta de escravos contra o império faraónico ou uma súbita conquista de Canã por estrangeiros". Não, a população do reino de Judá (posterior Judeia) "não fugiu para o exílio no século VI a.C. - só a elite intelectual foi forçada a instalar-se na Babilónia." Não, não houve um segundo êxodo, em 70 d.C., "porque os romanos nunca deportaram populações" - mesmo que quisessem, não tinham logística para expulsões em massa.
"À excepção de alguns prisioneiros feitos escravos, os habitantes da Judeia continuaram a viver nas suas terras, mesmo após a destruição do Segundo Templo. Uns converteram-se ao cristianismo, no século IV, e a maioria abraçou o islão durante a conquista árabe, no século VII." Os primeiros sionistas, enfatiza Sand, até à grande revolta árabe de 1936-39 na Palestina, sabiam que não tinha havido exílio".

Para fazer valer a sua argumentação, Sand cita David Ben-Gurion, o primeiro chefe do Governo de Israel, e Yitzhak Ben-Zvi, o segundo Presidente, asseverando que um e outro "disseram em várias ocasiões, em 1929, que a maioria dos camponeses da Palestina não tem origem nos conquistadores árabes, mas são genuínos descendentes dos habitantes da antiga Judeia".
"É incrível, mas não há nenhum livro, um único, que prove o exílio de 70 d.C., porque ele nunca aconteceu", empolga-se Sand, que pertence ao grupo dos "novos historiadores", como Benny Morris, Avi Shlaim ou Tom Segev. O grande exílio é um mito "originalmente cristão". A ideia era mostrar um castigo divino por os judeus não terem aceitado Jesus como Messias. No século XIX, tornou-se na "base da ideologia sionista, para legitimar a conquista da Palestina".

Os berberes judeus

Se os judeus não foram expulsos e não houve vinte séculos de errância, "o grande impulso para a judaização", no Norte de África, na Europa de Leste ou no Médio Oriente, "foi um processo de conversões", garante Sand. Entre a revolta dos macabeus, em 167 a.C., até à rebelião de Simon bar Kokhba, em 132 d.C., o judaísmo foi "a religião de mais activo proselitismo" - e foram estas "conversões maciças que, sob influência do helenismo, prepararam o terreno para a subsequente disseminação do cristianismo".
Sem as conversões no mundo pagão, avança Sand, "talvez a religião judaica se tivesse tornado completamente marginal, e poderia até nem ter sobrevivido". Mas enquanto o proselitismo durou, mesmo com um abrandamento depois da vitória do cristianismo, no século IV, "os hasmoneanos judeo-helénicos converteram à força os idumeanos [antigos edomitas] do sul da Judeia e os itureanos da Galileia, e incorporaram-nos no povo de Israel". No Curdistão já emergira, no século I d.C., o reino judeu de Adiabene. E, no Iémen, no século V d.C., apareceu "um vigoroso reino judeu em Himyar, cujos descendentes preservaram a sua fé durante a conquista islâmica até aos nossos dias."
Para fundamentar as suas conclusões, Sand cita "obras romanas, gregas e judaicas", incluindo os escritos de Flávio Josefo, Horácio, Séneca, Juvenal e Tácito. "O ponto de partida para a desconstrução dos mitos da historiografia da história dos judeus" foi, porém, a "nova arqueologia", embora ele nos assegure ter "ido mais longe".
Uma das histórias de conversões que Sand relata no seu livro Matai ve'ech humtza há'am hayehudi?, em hebraico, ou Comment le peuple juif fut inventé: De la Bible au sionisme, em francês (em breve haverá também uma versão inglesa) é a da rainha Dahia al-Kahina. Uma orgulhosa judia, ela foi líder de guerreiros berberes nas montanhas de Aurès (actual Argélia) que repeliram o exército muçulmano invasor do Norte de África, no século VII d.C.
"Perguntei a mim próprio como é que vastas comunidades judaicas apareceram em Espanha", contou Sand ao diário israelita Ha'aretz. "Reparei então que Tariq ibn Ziyad, o supremo comandante dos muçulmanos que conquistou Espanha, era berbere e que a maior parte dos seus soldados eram berberes. O reino judeu berbere de Dahia al-Kahina só tinha sido derrotado 15 anos antes. E a verdade é que há numerosas fontes cristãs a dizer que muitos dos conquistadores de Espanha eram judeus convertidos. As raízes profundas da comunidade judaica de Espanha estão nos soldados berberes que se converteram ao judaísmo."

Khazaria e os yiddish

O que Sand descreve como "a mais significativa conversão em massa" terá ocorrido no século VIII, no reino de Khazaria, situado entre os mares Negro e Cáspio, nas estepes ao longo do rio Volga. "A expansão do judaísmo do Cáucaso até à moderna Ucrânia criou uma multiplicidade de comunidades, muitas das quais se mudaram para a Europa de Leste depois das invasões mongóis", afirma o historiador.
No século VIII d.C., os khazares adoptaram a religião judaica e o hebraico como língua escrita. A partir do século X, este reino enfraqueceu e, no século XIII, foi derrotado pelos invasores mongóis. Sand não duvida que os khazares convertidos, em conjunto com os judeus das terras eslavas e do que é hoje a actual Alemanha, "constituíram a origem das comunidades judaicas na Europa de Leste (...), a base da cultura yiddish".
A influência dos khazares é um ponto de discórdia, que levou outro historiador, Israel Bartal, da Universidade Hebraica, em Jerusalém, a criticar Sand por "inventar uma invenção", embora tenha reconhecido que o livro do colega é "um estudo fascinante" (Há'aretz).
Até por volta de 1960, referiu Sand, "as origens complexas do povo judeu foram mais ou menos, relutantemente, reconhecidas pela historiografia sionista, mas depois foram marginalizadas e acabaram por ser apagadas da memória pública de Israel". Restou apenas o mito da "descendência directa do mítico reino de David", e os judeus passaram a reclamar ser "um grupo étnico específico, que regressou a Jerusalém, a sua capital, depois de 2000 anos de exílio".
Bartal nega que "um inteiro capítulo da história judaica tenha sido silenciado por razões políticas", e foi buscar a sua velha Enciclopédia Mikhal, obra de referência sionista, para relembrar a Sand a passagem sobre os khazares, "nação de origem turca".
Diz a enciclopédia, segundo Bartal: "É irrelevante se a conversão ao judaísmo abrangeu um largo estrato da nação khazar; importante é que este acontecimento foi entendido como um fenómeno de grande significado na história judaica, um fenómeno que desde então desapareceu totalmente: o judaísmo como religião missionária. (...) A questão do impacto a longo prazo desse capítulo da história judaica nos judeus da Europa de Leste - quer através do desenvolvimento do seu carácter étnico ou de outro modo - é um tema que necessita de maior investigação. Em todo o caso, embora não conheçamos a extensão da sua influência, é evidente hoje que esta conversão teve um impacto."
Sand, na conversa com o P2, contrapõe: "Quando Bartal fala dos khazares não realça que eles se converteram ao judaísmo, destaca apenas que, antes de eles se tornarem judeus, muitos judeus já tinham chegado à região provenientes da Palestina. Conseguem ver a diferença?" Bartal, acrescenta Sand, "pertence à velha corporação de historiadores, aqueles que, na Universidade Hebraica, nos anos 1930, decidiram dividir a História Judaica e a História Universal em dois departamentos distintos. Quando alguém, como eu, chega e diz que não acredita na História do Povo de Israel, é natural que eles se sintam chocados."
Apesar de tudo, Sand confessa que esperava de Bartal uma recensão mais implacável. "Das minhas 500 referências, ele menciona três erros e, destes três, só tem razão em um e meio, o que me deixa muito honrado. Também não terá gostado que o livro seja um best-seller há 19 semanas, porque isso mostra que a sociedade israelita se tornou mais plural."

Da Bíblia ao sionismo

Bartal não critica apenas a alusão de Sand aos khazares, mas também a asserção de que "'académicos reputados do passado' ocultaram a verdade no que diz respeito à origem impura dos judeus". O seu contra-argumento é o de que "nenhum historiador do movimento nacional judeu alguma vez acreditou que as origens dos judeus são étnica e biologicamente 'puras'."
E continua: "Jamais um historiador judeu 'nacionalista' tentou ocultar o facto de que as conversões ao judaísmo tiveram um grande impacto na história judaica na Antiguidade e nos primórdios da Idade Média. Embora exista na cultura popular israelita, o mito do exílio da pátria judaica (Palestina) é negligenciado nas mais sérias discussões históricas judaicas. Importantes grupos do movimento nacional judeu exprimiram reservas sobre este mito ou negaram-no completamente."
O que é que Sand tenta provar com este estudo, questionou Bartal. "Que a pátria dos judeus não é a Palestina, que a maioria dos judeus descende de diferentes nações convertidas ao judaísmo e que foram os sionistas a desenvolver, no século XIX, uma ideologia etno-biológica e a inventar o chamado "povo judeu"?
Sim, responde Sand: "Os judeus existiram como religião mas não como uma nação-raça. Foi no século XIX que intelectuais de origem judaica na Alemanha, influenciados pelo nacionalismo germânico, levaram a cabo a tarefa de criar um moderno povo judeu, herdeiro de um reino, errante durante 2000 anos e de regresso à pátria".
"Os primeiros historiadores judeus, como Isaak Markus Jost (1793-1860) e Leopold Zunz, olhavam para o Velho Testamento como uma obra teológica, que reflectia as crenças das comunidades judaicas após a destruição do Primeiro Templo", recorda Sand no Monde Diplomatique. "Só na segunda metade do século XIX é que Heinrich Graetz (1817-1891) e outros desenvolveram uma visão 'nacional' da Bíblia e transformaram a viagem de Abraão para Canã, a fuga do Egipto e o reino unido de David e Salomão num autêntico passado nacional. Pela constante repetição, os historiadores sionistas transformaram, subsequentemente, essas 'verdades' bíblicas na base da educação nacional".

Confrontar a historiografia

Ao contrário de Bartal, e ainda que tenha lamentado a profusão de "histórias pessoais, discussões teóricas e observações sarcásticas", o historiador Tom Segev recomendou a leitura da obra de Sand, qualificando-a como "um dos livros mais fascinantes e desafiantes publicados aqui [em Israel] desde há muito tempo".
"Os capítulos históricos estão muito bem escritos e citam numerosos factos e pontos de vista que surpreenderão muitos israelitas quando os lerem pela primeira vez", adianta Segev, num artigo no Há'aretz, que Sand, entusiasmado, nos leu ao telefone. Compreende-se a satisfação de ser compreendido, depois de ter sido insultado. "Houve quem me chamasse nazi e cão, e cheguei a temer ser alvo de agressões por parte de grupos de extrema-direita que violentamente têm interrompido as minhas palestras".
"Eu sou um especialista em História Contemporânea [sobretudo da França onde completou os seus estudos universitários], mas chegou um momento em que senti que era estúpido viver em Telavive e não estudar a história dos judeus, porque o movimento sionista faz parte da história moderna da Europa", disse Sand ao P2.
"Sabia que ia ser contestado, ao enveredar por outra área. Por isso, fiquei impressionado por o meu livro estar a ser vendido aos milhares. A minha posição é muito radical. O êxito talvez se explique porque as pessoas têm medo que a História não esteja com elas."
"Eu não quis destruir o Estado de Israel", vinca este homem que nasceu em Linz, na Áustria, em 1946, e passou os dois primeiros anos da sua vida num campo de refugiados judeus na Alemanha, "Era meu dever confrontar a mitológica historiografia da história dos judeus. O que eu pretendo é dar outra legitimidade ao Estado de Israel. A velha legitimação não se deve manter, porque não é verdadeira. Nunca regressámos a uma Terra Prometida."
Estado de todos
O livro tem um objectivo político, reconhece Sand: "o de transformar Israel num Estado israelita democrático e não num Estado judaico, porque um terço da população não é judia. Por que é que um rabi em Nova Iorque pode dizer que Israel lhe pertence mais do que um colega árabe israelita da minha universidade?"
Sand avisa: "É preciso mudar a consciência etnocêntrica da sociedade israelita. Não há futuro para um Estado judaico, porque deixa de fora 20 por cento de árabes e 5 por cento de imigrantes que não são considerados judeus. Na Galileia, 65 por cento dos habitantes são árabes. Se amanhã se revoltarem, e disserem que querem criar um Estado como o Kosovo, porque o Estado judaico os exclui, têm todo o direito de o fazer. Imaginam Portugal a proclamar-se um Estado dos cristãos?"
"Se em 10-15 anos, não se tornar num Estado de todos os seus cidadãos, Israel deixará de existir", vaticina Sand, ressalvando que é "pessimista mas não fatalista". A diferença? "Acredito que o futuro não é bom, mas não tenho a certeza. Se a civilização durou o século XX sem uma guerra nuclear, não tenho o direito de ser fatalista."
Antes de o telefonema acabar, mais uma clarificação: "Não sou anti-sionista, mas pós-sionista. A definição de uma pessoa como anti-sionista sugere que é contra a existência do Estado de Israel. Eu aceito o Estado de Israel. Digo que hoje há um povo israelita judeu. O problema é que o sionismo não quer reconhecer a nação israelita e apenas a nação judaica. O nacionalismo árabe também não reconhecia a identidade israelita."
De momento, declara Sand, "sou a favor da solução de dois estados - não um judaico e um árabe, mas um israelita e um palestiniano. Depois, espero que seja criada uma confederação de dois estados. Não defendo um estado binacional porque isso seria pedir aos judeus que se tornassem numa minoria no seu próprio país. É inaceitável."
E é assim que, quase quatro décadas depois de Golda Meir, ex-primeira-ministra israelita, ter dito ao Sunday Times (15 Junho 1969) que "não existe isso a que chamam de povo palestiniano", Shlomo Sand, outro israelita, vem dizer-nos que "o povo judeu é uma invenção". E para ilustrar o que daí resultou, o seu livro abre com uma citação de Karl Wolfgang Deutsch: "Uma nação é um grupo de pessoas unidas por um erro comum quanto à sua origem e uma hostilidade colectiva em relação aos seus vizinhos."

In jornal Público, caderno P2, pág5/7, 13 de Setembro de 2008.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A Síndrome de Wilkomirski: História Falsificada (III)




(Continuação)

O ambiente receptivo

Esses impressionantes sucessos não são imagináveis sem um contexto receptivo, ou até uma procura ansiosa por histórias desse tipo. Inclui-se, nesse contexto, todo o aparato cultural e científico que se dedica ao Holocausto: as editoras, os meios de comunicação, os psicólogos e os historiadores. Todos eles se dedicam à memória e à escrita da História.

A editora Suhrkamp se manteve num profundo silêncio após o desmascaramento. A edição de capa dura estava quase totalmente vendida e a de bolso continuou a ser vendida até o final, sem maiores comentários. Quando a editora soube das dúvidas sobre a autenticidade, ainda antes da publicação, pressionou Wilkomirski a fazer uma declaração sobre a veracidade de seu relato. Wilkomirski escreveu, num posfácio pouco consistente que entraria na justiça contra o fato de ter recebido, depois da guerra, uma outra identidade, sem seu consentimento. E acrescentou: “A verdade sancionada pela justiça é uma coisa, a verdade de uma vida é outra”. 13 Essa afirmação pode ser entendida da seguinte forma: a verdadeira identidade deve ser uma falsificação e a identidade falsificada deve ser a verdadeira.

Seu editor nos Estados Unidos, Arthur Samuelson, da Schocken Books, declarou que a diferença entre facts and fiction não interessava. Segundo ele, Fragments “is a pretty cool book… It’s only a fraud if you will call it non-fiction. I would then reissue it, in the fiction category. Maybe it’s not true – then he’s a better writer!”14 Não é o autor que falsifica, mas sim o leitor, quando afirma que no caso de Fragmentos se trata de um relato factual.

Suspeita também foi a aprovação dos historiadores após a publicação do livro. Daniel Goldhagen declarou: “Esse fascinante livro traz ensinamentos inclusive para aqueles que estão familiarizados com a bibliografia sobre o Holocausto. Ele atingirá profundam
ente a todos”.15 Também o diretor do Centro de Pesquisa do Anti-semitismo, em Berlim, Wolfgang Benz, declarou: “Um relato que fornece ao leitor um acesso à complexa tragédia, de uma forma superior a qualquer outro documento”. Só Raul Hilberg, desde o início, considerou que o livro não merecia crédito. “Eu diria, que esse livro, na forma em que está escrito, se localiza em algum lugar entre um máximo de improbabilidade e a total impossibilidade”.16 Também Claude Lanzmann, diretor do filme Shoa, considerou que o livro não merecia crédito. Mas, da mesma forma que Hilberg, não deu muita publicidade às suas dúvidas. Hilberg queria, primeiro,
ler o livro em alemão, e Lanzmann temia um escândalo. O livro “me entediou demais”, disse Lanzmann. “É um livro ... absolutamente frio. Não é sério e não tem qualquer estrutura”.17 Assim, enquanto a falsificação era publicamente louvada, as manifestações de reserva foram apenas tácitas.

Suspeito também foi o papel de vários psicólogos. A revista psicoanalítica alemã Psyche proclamou Wilkomirski um herói psicológico-literário. “Os poetas concedem a seus heróis a graça do esquecimento através da derrota ou através da morte. A realidade parece ser menos benevolente. Binjamin não morre, não chora, ele fica obrigado a rememorar. No entanto, a estranha melodia do livro consiste num único soluço e numa única lamentação. Seu choro é prosa”.18

Quando o escândalo se tornou público, o que mais se discutiu foi sobre as razões que teriam levado Bruno Dössekker a assumir a máscara de Binjamin Wilkomirski. Foram apresentadas desculpas a seu favor: ele seria supersensível, frágil ou até doente. Contra
Ganzfried, se argumentou que o desmascaramento feito friamente, em público, visaria à destruição de Dössekker, e poderia levá-lo ao suicídio.

A comunidade científica foi enganada em vários congressos pela pseudociência de Elitsur Bernstein, segundo a qual uma reconstituição histórica seria possível através de memórias da primeira infância. Essa comunidade também se deixou impressionar com o fato de que Bernstein agia como um curandeiro, carregando consigo seu paciente e exibindo-o em público. E a opinião pública, por sua vez, esteve extremamente predisposta a cumular o autor com prêmios.

De onde vinha essa disposição parailudir e auto-iludir-se? Segundo Pascal Bruckner, essa disposição faz parte de uma tendência dominante de sentir-se atraído pela aura da inocência19 e de transformar a vítima num objeto de identificação positivo. Essa tendência desemboca – na opinião do psiquiatra Hans Stoffels – no fascínio pelo trauma.20 Desde 1980, as publicações sobre o tema trauma espiritual vêm se multiplicando, e não mais se buscam as origens de traumas apenas em vivências dentro de campos de concentração e em meio a guerras civis, mas também em acidentes no cotidiano. O assim chamado stress pós-traumático (PTSD) foi proclamado uma “nova doença popular, à semelhança do diabetes e da pressão alta”.21

Essa inclinação para a autovitimização explica o interesse do público por Benjamin Wilkomirski. Não se trata apenas de tentar entender as vítimas e utilizar sua perspectiva para um confronto crítico, mas trata-se de colocar-se no mesmo nível das vítimas. Isso pode levar a ações absurdas, como a da idealizadora do Memorial do Holocausto, em Berlim, Lea Rosh, que, não sendo judia, assumiu aos 18 anos o prenome judeu, e lidava com o Memorial como se fosse sua propriedade privada – ainda que contra a vontade das organizações judaicas. De forma patética, ela declarou ser capaz de imaginar muito bem como é ser assassinado. E na inauguração do Memorial, ela causou indignação, quando quis enterrar no local o dente molar que, supostamente, fora de um judeu assassinado, e que ela achara e trouxera, alguns anos atrás, do campo de extermínio de Belczec.

Essa luta pela autoinclusão entre as vítimas também atinge a “segunda geração” dos sobreviventes. Nos meios ligados à cultura terapêutica norte-americana, se observa – segundo a jornalista Ruth Franklin – uma tendência em considerar as eventuais feridas da própria infância como muito mais graves do que as vivências reais dos antepassados. Através de “complicadas manobras pósmodernas, pós-estruturalistas e através de teorias traumatológicas”, essas pessoas seriam capazes de se transportar para as experiências do Holocausto, e reivindicar a mesma autenticidade e a mesma importância que seus pais. Daí teria surgido uma literatura de entretenimento “neo-wilkomirskiana”, que estaria remetendo as experiências verdadeiras para um segundo plano. Seria a tentativa de buscar a “glória a partir do trauma” presente na atual cultura norte-americana, que levaria essa nova geração a esse tipo de estratégia. 22

Por que se fazem falsificações? É por que se trata de pessoas fracas, merecedoras de comiseração, ou até de pessoas traumatizadas? De forma alguma. Hans Stoffels chama a atenção para o fato de que a psiquiatria mais antiga já conhecia um conceito apropriado para esse fenômeno, o da “Pseudologia Phantastica”, e que entre os ilusionistas e os mentirosos patológicos apresenta, sobretudo, duas características: primeiro, “um enorme esforço para obter posições de destaque e reconhecimento, motivado pelo desejo insaciável de aumentar seu valor próprio; e, segundo, ... uma descomunalmente forte capacidade para a fantasia, às vezes, muito original, com um série de visões muito concretas e idéias bem conectadas, eventualmente derivadas de efeitos externos, como romances ou o cinema”.23 Ao contrário daqueles que ficam sonhando ou aqueles que transformam sua enorme fantasia em atividade literária, os ilusionistas patológicos impõem – com sua grande capacidade de enganar – sua fantasia àqueles que estão ao seu redor, passando a exercer papéis reais e, possivelmente, vêm a perder a noção de sua verdadeira situação. Dössekker já apresentava ataques epilépticos na escola, e eles se manifestavam através de representações muito bem executada.


As vantagens da mentira em relação à verdade

A tentação de falsificar costuma ser potencializada pelo fato de que a mentira, ao contrário da verdade, possui uma força criativa. Hannah Arendt, por ocasião das discussões em torno de seu
livro sobre Eichmann em Jerusalém e as controvérsias em torno dele, descreveu o que efetivamente é a verdade, e quais são as vantagens da mentira sobre a verdade. Ela distinguiu entre três tipos de discurso: mentir, dizer a verdade, e dar destaque a determinadas realidades em favor do interesse de um grupo. No primeiro caso, segundo Arendt, o mentir sempre constitui “em primeiro lugar, uma ação”, enquanto o dizer a verdade não o é. O dizer a verdade
é algo totalmente independente, e por isso sua posição dentro da discussão pública e da política é complicada. Pois, “na vida política praticamente não existe um tipo humano que desencadeie dúvidas tão fortes sobre sua veracidade quanto aquele que deve dizer a verdade por razões profissionais, que sugere representar uma harmonia preestabelecida entre interesses e verdade. Em contrapartida, aquele que mente não precisa recorrer a meios tão duvidosos para atingir seus fins políticos. Ele tem a vantagens de estar sempre em meio à política. Seja lá o que ele disser, não se trata apenas de algo dito, mas de uma ação. Ele diz o que não é, porque
deseja modificar aquilo que é. Ele é o grande beneficiário do inegável parentesco entre a capacidade humana de modificar as coisas e a misteriosa capacidade de dizer ‘o sol brilha’, enquanto lá fora está chovendo aos cântaros”.24

Não se acredita naquele que diz a “verdade por profissão”, porque tanto a verdade quanto o dizer a verdade correm perigo tão logo interesses entram em jogo. A aparente harmonia entre verdade e interesse é praticamente impossível – e isso não acontece só na esfera política. Nós vimos como o interesse de uma geração consegue não só manipular a verdade, mas também modificar a verdade em sua totalidade.

Depois de anos de silêncio, tanto de parte dos carrascos quanto das vítimas, a verdade passa agora a ser manipulada pela força dos interesses em jogo. E essa situação se complica com os acréscimos que vão desde o autoludibriamento até o ludibriamento dos outros. Isso não significa só que – como diz Hannah Arenndt – “o mentiroso se transforma tanto mais fácil em vítima
de suas próprias mentiras quão mais bem sucedido ele se mostra na sua difusão pelo mundo”, mas “que o ludibriador, exatamente por acreditar nas suas próprias mentiras, parece merecer muito mais crédito do que aquele que afirma uma inverdade, de forma consciente e soberana, e com isso arma sua própria arapuca”.25

Wilkomirski foi, sem dúvida, tão bem sucedido por causa da relação simbiótica que estabeleceu com seu público. Ele se entregara de forma total ao papel que se auto-atribuíra, e, da mesma forma, o público estava disposto a entregar-se de forma total ao seu mundo e à sua realidade.

Contrapor-se à corrente dominante e insistir na verdade não representa uma questão moral nem uma questão de distinção entre literatura e um Kitsch sobre o Holocausto ou sobre as vítimas. A defesa da verdade é uma defesa da dignidade e da justiça para todos, para as vítimas, para os leitores e para os falsificadores. De forma alguma, é indiferente qual história se conta, se uma história real ou uma história inventada. O espetáculo proporcionado por Bruno Dössekker se baseava no antigo clichê anti-semita do pobre e judiado judeu, que como uma pessoa fraca serve ao mesmo tempo ao anti-semitismo e a um sentimentalismo meloso. Paul Parks fez seu papel na novela do soldado americano negro que, juntamente com os soldados brancos, derrubou o portão de Dachau. E a literatura de entretenimento da “segunda geração” simula realidades que empurram as memórias reais dos pais para o esquecimento. Testemunhas se transformam em matéria-prima – observou a crítica literária Ruth Klüger –, “em objeto, um objeto desofrimento que é explorado”.26 Todas essas falsificações servem para uma mitificação simplificadora, que destrói a multiplicidade da realidade – uma realidade de ações e de experiências humanas –, em favor de uma simples mentira.

Paul Ricoeur lembrava dos esforços para desmistificar a revolução francesa. O leitor espera – escreveu ele – que o autor lhe apresente uma “narrativa verdadeira”. Entrementes, sabemos que os leitores justamente não esperam isso. O pacto de confiança é rompido por ambos os lados. Por isso, torna-se cada vez mais necessário recorrer àquilo que Ricoeur chama de “confronto dos testemunhos”, sua contestação, sua crítica, num contexto de dissenso, o qual deve transcorrer numa discussão pública, ali onde “a Ciência Histórica, em última análise, cumpre seu sentido”.27 São os leitores – diz Ricoeur –, e dentro dos leitores os cidadãos que através desse debate decidem sobre a verdade do conteúdo.



13 WILKOMIRSKI, op. cit., p. 143.
14 LAPPIN, Elena. The man with two heads. Granta, 66, 1999.
15 Na capa da edição alemã do livro.
16 Raul Hilberg, no programa “60 minutes”, da CBS, em 7 de fevereiro de 1999. Cf.
também: Peskin, Harvey. Holocaust denial: a sequel. The vase of Binjamin Wilkomirski’s
“Fragments” (The Nation, 19 de abril de 1999).
17 LANZMANN, Claude. Der organisierte Übergang zum Vergessen (em entrevista
com Sebastian Hefti e Wolfgang Heuer). In: GANZFRIED, Daniel. … alias
Wilkomirski. Die Holocaust-Travestie (editado por Sebastian Hefti sob encomenda do
Deutschschweizer PEN Zentrum). Berlim: Jüdische Verlagsanstalt, 2002, p. 198.
18 Johannes Dirschauer, em Psyche, no 7, 1998, p. 773.
19 BRUCKNER, Pascal. La tentation de l’innocence. Paris: Livre de Poche, 1995.
20 STOFFELS, Hans. Das Trauma als Faszinosum. Zur Psycho(patho-)logie von
Pseudoerinnerungen und Pseudoidentität. In: DIECKANN, Irene & SCHPOEPS,
Julius H. (eds.). Das Wilkomirski-Syndrom: eingebildete Erinnerungen oder von der
Sehnsucht, Opfer zu sein. Zurique/Munique: Pendo, 2002.
21 Ibid., p. 175.
22 FRANKLIN, Ruth. True memory, false memory, and the identity theft (The New
Republic, 31 de maio de 2004).
23 STOFFELS, loc. cit., p. 167.
24 ARENDT, Hannah. Wahrheit und Politik. In: Zwischen Vergangenheit und Zukunft.
Übungen im politischen Denken I. Munique/Zurique: Piper, 1994, p. 352 e seg. (parte
IV, 2o §).
25 Op. cit., p. 358 (parágrafo anterior àquele que começa com uma citação de Karl
Jaspers).
26 KLÜGER, Ruth. Von hoher und niedriger Kunst. Göttingen: Wallstein, 1996, p. 36.
27 RICOEUR, loc. cit., p. 737.

A Verdade Não Teme a Investigação

domingo, 23 de agosto de 2009

A Caça aos Hereges do Século XXI




















As “verdades” impostas pelos juizes jamais tem sido capazes de se sustentar

Durante a Alta Idade Média, a nossa civilização vivia no meio de uma atmosfera carregada de homicidios, de intolerância e de fanatismo religioso, onde os hereges e as bruxas eram perseguidos sob a acusação de terem relações com o diabo. Mas, como a historiografia actual salienta, nenhum tribunal conseguiu alguma vez demonstrar satisfatoriamente a existência destas supostas relações e, muito menos, a existência do Maligno. Tal coisa, no entanto, não era obstáculo que detivesse as autoridades religiosas e seculares que, dominadas pela histeria colectiva, declaravam como "prova" o que até agora resulta impossível de se provar e, sobre esta base, sentenciavam para seus auto-declarados inimigos a um horrível destino.

A morte destas indefesas vítimas na fogueira, longe do bem intencionado propósito de purificar pelo fogo a alma e o corpo pecador, e com isso albergar a remota esperança de misericórdia ante o Altíssimo, apontava antes para a submissão das massas através da chantagem emocional e do terror psicológico. O terrível espectáculo de ver um ser humano devorado pelas chamas, cumpria eficazmente a sua função dissuasiva.

A protecção da fé medieval dependia de uma grande máquina de religiosos, magistrados, corpos de sábios e outros voluntariosos cúmplices, cujos ofícios nos tribunais inquisitoriais e processos de bruxas se distinguiam por um imenso ódio contra os acusados. Cegados pelo fanatismo, estes guardiões da religião do Estado tinham a firme crença de que com tais juízos contribuíam para a luta contra o demónio e contra o seu reino do mal; e até acreditavam merecer retribuições divinas por cada vitima queimada nas piras. Nem suspeitavam que estes miseráveis que, mediante tais crueldades arbitrárias, não faziam outra coisa senão adoptar o papel do mesmíssimo Satanás e se converter em instrumentos para acrescentar a dor e as injustiças no mundo.

Nos nossos tempos, infelizmente, parece que as nossas autoridades ou não aprenderam ou querem ignorar as lições de uma das passagens mais sinistras da história. Assim, nos nossos dias, em pleno século XXI, vemos que as perseguições em defesa do sacro-santo Holocausto tomaram o lugar das perseguições de hereges e bruxas do século XVI. Os demonólogos contemporâneos vieram substituir com métodos brutais o Reductio ad Diabolicum pelo Reductio ad Hitlerum.
É assim que podemos estabelecer paralelos realmente assombrosos e preocupantes, entre as perseguições de revisionistas do século XXI e a desumana perseguição medieval de hereges e bruxas.
Depois de conhecer as verdadeiras práticas deste tipo de perseguição, seria muito ingénuo da nossa parte esperar que, por exemplo, os proeminentes revisionistas Ernst Zündel, Germar Rudolf, David Irving e Siegfried Verbeke tivessem sido sujeitos a um julgamento justo e imparcial, de acordo com as normas fundamentais do direito internacional.


Perseguição contemporânea de hereges

Deixando de lado alguns avanços humanitários conseguidos desde então quanto a medidas punitivas e restringindo-nos puramente ao que diz respeito à legislação, perseguição e argumentação, foi possível estabelecer as seguintes 22 semelhanças, bastante bizarras, entre a perseguição medieval de hereges e a perseguição contemporânea de revisionistas (na fraseologia inquisitorial: “negadores do holocausto”) nas “democracias ocidentais”:

1. Tal como os hereges cristãos eram inapelavelmente equiparados aos falsos predecessores (exemplo: os cátaros anti-cristãos), assim os revisionistas são todos falsamente equiparados com nazistas e fascistas.

2. Os perseguidos não são culpados de alguma acção criminosa. A grande ofensa está em que eles estudaram criticamente certas concepções oficiais (estatais) e fizeram públicos as suas descobertas; só por causa disso é que se fizeram puníveis de castigo, além de execráveis.

3. O seu crime é a não crença na religião oficial do Estado (dogma).

4. A acção vigorosa de chantagem/censura legal e social não deixa às pessoas dissidentes, críticas da verdade protegida por lei, outra alternativa que transmitir “ilegalmente” as suas opiniões ao público.

5. Eles são vistos como apostatas e, por causa disso, denunciados e perseguidos.

6. Na realidade, o principal objectivo deste tipo de perseguições não é castigar as vítimas, mas principalmente, lançar um aviso e colocar "cabeças ensanguentadas na picota", para escárneo e dissuasão de outros potenciais críticos à ideologia do Estado.

7. Os actos de acusação estão baseados numa lei ocasional (Malleus Maleficarum “Hexenhammer”, uma farsa jurídica ao estilo do Tribunal Militar Internacional - Nuremberg, a Lex Auschwitz, Loi Gayssot, entre outros), isto é, no tipo de axiomas político-religiosos contra os quais não se permite defesa alguma.

8. A parte acusadora dispõe de ilimitados recursos (financeiros) e tem de seu lado os mercantilistas de notícias. Os acusados, em geral, carecem quase até do indispensável e, encontram-se, desde o início do processo até a leitura da sentença, sob uma intensa acção de calúnia, com a opinião pública contra ele.

9. Os promotores e juízes são incapazes de provar a verdade das suas teses. Eles fazem referência meramente a conhecidas abstrações, santificadas pelo poder do Estado.

10. Com frequência procuram refúgio em acusações do tipo estereotípico e figurativo, não identificáveis objetivamente (“bruxaria”, “racismo”, “anti-semitismo”, “insulto à memória dos judeus assassinados”).

11. A verdade, ou a busca da verdade, é de pouco ou nenhum valor neste tipo de tribunal. Quando a crença prevalece, a ciência emudece. (1)

12. A auto-defesa que é feita com evidência científica e concreta é considerado como prova da justificativa das prisões.

13. Hæresis est maxima, opera maleficorum non credere (“O maior pecado está na negação do pecado”). Em nossos tempos: Hæresis est maxima, holocaustum non credere.

14. As pessoas que não acreditava em algumas partes das doutrinas religiosas recebiam a terrível designação de “hereges”. As pessoas que não acreditam em algumas partes do “Holocausto” recebem a terrível designação de “negacionistas”, “neo-nazistas”, “fascistas”, “anti-semitas”, etc. Todos eles serão entregados ao linchamento social (o equivalente ao “são bento” medieval), à ruína económica e à morte na fogueira.

15. Não se permite à defesa apresentar com evidência o que prove os argumentos dos defendidos. Em alguns países europeus, os defensores também podem ser presos. (2)

16. A contra evidência é só permitida (selectivamente) para legitimar a farsa jurídica. Nunca será aceite, senão sempre recusada em favor da “verdade” ideológica.

17. As declarações das testemunhas da parte acusadora serão sempre aceites, sem maior pedido de provas; as contradições e impossibilidades demonstráveis contidas em tais depoimentos serão sempre desconsideradas.

18. Nestes julgamentos, não há busca da verdade, somente busca de culpabilidade segundo a letra da lei do Estado.

19. Para os juízes é impossível absolver aos processados ou sancioná-los tenuemente; qualquer amostra de benevolência para o amaldiçoado réu significará a segura auto-destruição do magistrado.

20. Por dita razão, a condenação dos acusados é, de antemão, segura e indisputável, ficando completamente descartada qualquer esperança de um julgamento justo.

21. Para os veredictos desta classe de jurisdição é conferido um valor eterno e apolítico.

22. Tal como ocorreu durante a caça medieval de hereges, também nos nossos dias os mais viciosos excessos à hora de castigar os crimes de pensamento têm como palco a Alemanha. Neste país, dezenas de milhares de pensadores “dissidentes” e assim chamados “negadores do holocausto” recebem castigos desproporcionadamente severos. Em nenhum outro lugar as torturas e crimes contra as “bruxas” foram tão cruéis como na Europa central. Hoje em dia, nessa região, os revisionistas são mantidos cativos nas prisões mais conhecidas, como Stuttgart-Stammheim, o fortemente resguardado centro de isolamento, desenhado para confinar os terroristas mais perigosos. Só na Alemanha, mais de 10.000 pessoas são condenadas anualmente.

Na Áustria, a pena máxima para o revisionismo foi elevada a vinte anos de prisão (!). Semelhante tirania política pouco tem que invejar os regimes Estalinistas. Na Holanda, esta pena máxima era até pouco tempo, por lei, de só um ano, mas devido a uma série de artimanhas jurídicas e à poderosa pressão da Alemanha-EUA, quase em segredo, e à custa do povo e do parlamento holandês, foi recentemente elevada a 5 anos de prisão.

Cada um dos mencionados 22 pontos põe em evidência a perseguição contemporânea de revisionistas, expondo-a como o que realmente é: um descarado crime moral e jurídico; uma violação inaceitável, motivada politicamente, dos Direitos Humanos, da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e da liberdade de ciência.

Nos nossos tempos de raciocínio e de intelecto, o Holocausto aparece como o único fato histórico elevado à categoria de dogma por obra dos nossos modernos e “doutos teólogos”. Nenhum outro capítulo da história mundial está protegido judicialmente, de maneira tão draconiana, como está o Holocausto na Europa.
As discussões sobre o Holocausto pertencem ao domínio do livre pensamento, da liberdade de expressão e da livre investigação científica, e NÃO a uma jurisdição. Nem o poder judicial deveria ter concorrência para julgar problemas que só podem ser elucidados por meios científicos, nem a parte acusadora deveria pôr o problema num nível político.
Mais: a perseguição dos anti-holocaustistas é efectivamente e a todas as luzes uma perseguição racista: quase sem excepção os gentios são perseguidos por judeus ou grupos de pressão judeus. São estes os que iniciam as demandas e o hostilizamento contra os revisionistas, elevando os seus gritos ao céu até que os fantoches do poder judicial das democracias entram em acção contra os acusados. Jamais nenhum dos famosos revisionistas judeus foi levado a tribunal.
Cada um dos promotores, juízes e tribunais que se prestam para acções contra os revisionistas, compartilham uma grande culpa nesta comédia de criminalização do pensamento e os seus nomes serão recordados pelas futuras gerações como exemplos de vileza e desgraça. Conquanto alguns destes magistrados são postos entre a espada e a parede, sem mais alternativa do que co-participar na comissão de tais injustiças, a verdade é que a maioria dos inquisidores resumem voluntariamente, e com orgulho, o abominável papel dos seus antecessores medievais. A perseguição contemporânea de revisionistas, é moral e juridicamente ainda mais maliciosa do que a caça medieval dos hereges.
Naqueles tempos, pelo menos, requeria-se uma confissão do acusado para completar o processo de condenação e, às vezes, alguns réus (aqueles completamente inocentes das acusações) recebiam a graça da absolvição (3). Em troca, nos nossos dias, os “negadores do holocausto” levados ao tribunal por meio de denúncias desonestas são sentenciados a castigos severos.

Curiosamente, a “negação” de Deus, da Criação, do Diabo, de Cristo, de Alá, de Maomé, da Pátria, da Nação, não merece qualquer processo nem sanção alguma nas nossas democracias. Num mundo que já não tem fé em nada nem acredita em nada, só a “negação” do sacro-santo “Holocausto” comove os espíritos com uma fúria contígua no religioso e põe em movimento as molas de toda a maquinaria repressivo-judicial. Somos testemunhas de uma perseguição alimentada por fanatismos e ódios cuja magnitude é maior que durante o obscurantismo medieval.
Ao menos, nesses tempos, havia a remota probabilidade de que as pobres vítimas obtivessem alguma amostra de compaixão cristã. Agora, nos nossos tempos, em lugar de compaixão, só fica aquele visceral ódio judaico, tão bem descrito no Velho Testamento.



Notas:

(1) Apesar de ser um reconhecido defensor da tese holocaustófila, o historiador alemão Ernst Nolte reconhece o desacerto de excluir a argumentação científica: “Frente à importância fundamental da máxima ‘De Omnibus Dubitandum Est’ [se deve duvidar de tudo], alargada à convicção de que qualquer dúvida sobre a imperante concepção do ‘Holocausto’ e dos seus seis milhões de vítimas seja considerada desde um princípio como significado de uma maligna e abominável crença, necessária de proibição, não pode, sob nenhuma circunstância, ser aceite pela ciência, senão que deve ser recusada como um atentado contra a liberdade de investigação científica”.
(2) Recorde-se que naqueles tempos a acusação de herege era a arma mortal mais temível. Se quisesse destruir uma pessoa bastava acusá-la de ser herege, o que equivaleria hoje a acusá-la de ser racista, anti-semita ou negacionista. Por isso, não faltavam acusações infundadas entre inimigos pessoais, devedores, amantes enfurecidas, etc. Em muitos casos, tais denúncias não prosperavam ou as vítimas conseguiam atingir a absolvição depois de se descobrir a motivação dos denunciantes.
(3) Por exemplo, no processo Zündel, na Alemanha, a defesa foi proibida de esgrimir “esses argumentos pseudo-históricos”, sob risco de se fazer também sancionável. Se os advogados de Zündel fizessem questão de fazer uso de ditos argumentos, o público teria que ser desalojado da sala. Às vezes, dada a força da argumentação e o pouco conveniente desta para o sistema, se obriga à defesa a apresentar as suas declarações “só por escrito” (!), evitando assim que cheguem aos ouvidos de terceiras partes. Um sarcástico comentarista descreveu esta caprichosa exigência de argumentação não oral, como uma “litigação entre fantasmas”.




[Traduzido por Centauro daqui e adaptado para o Revisionismo em Linha por Johnny Drake]

A Síndrome de Wilkomirski: História Falsificada (II)



(Continuação)


Wilkomirski

A história mais intrigante, porém, é a de Binjamin Wilkomirski, que publicou o livro Fragmentos. Nesse livro, o autor relata como chegou aos campos de concentração Majdanek e Auschwitz, sobreviveu ao extermínio, e como, depois da guerra, viveu num abrigo de crianças, até que, graças a uma organização humanitária, chegasse à Suíça. Ali viveu mais uma vez num abrigo de crianças, até que fosse adotado por um rico casal de médicos de Zurique. Em 1995, editores judeus publicaram na conhecida e influente editora Suhrkamp, da Alemanha, as memórias de Wilkomirski, as quais, em função dos detalhes e da brutalidade do relato, superavam tudo aquilo que se conhecia até então. Mesmo que o autor tivesse apenas três anos, na época dos acontecimentos, lembrava-se do assassinato do pai, no gueto, com uma clareza fotográfica: “Agentes uniformizados, vestindo botas, gritam com ele, o levam pela porta. Um grito de medo ecoa pela escadaria: ‘Atenção! Milícia leta!’. Portas batem. O homem é levado para baixo. Eu vou atrás; me grudo no corrimão e vou descendo. [...]. Colocaram o homem na parede, ao lado da entrada. Aos gritos, os uniformizados embarcam num automóvel estacionado na rua, gesticulam, agitam os porretes e deformam seus rostos numa expressão de ódio. Gritam sempre a mesma coisa, que soa como ‘acabam com ele! acabam com ele!’. O automóvel se põe em movimento. Acelera em direção à parede, em direção a nós. O homem continua imóvel, encostado na parede, perto de mim. Estou sentado o chão, entre a porta e a parede, os olhos voltados para ele. Ele baixa os olhos para mim e abre um sorriso. Mas, de repente, seu rosto se desfigura, ele o vira para o lado, levanta a cabeça, abre a boca, como se quisesse soltar um grito. Lá de baixo, contra a claridade do céu só consigo enxergar ainda os contornos de seu queixo e o chapéu, que resvala para trás. Nenhum grito ecoa de sua boca, mas um jato preto sai de sua garganta, quando o automóvel o imprensa contra a parede”.7



A criança também se lembra com a mesma exatidão das mulheres mortas no campo de extermínio: “Algo desperta minha curiosidade, mas a montanha de cadáveres continua ali, como sempre. Ou será que algo mudou de lugar? Estranho, mulheres mortas não podem mover-se! [...]. Mas algo se movimenta! A barriga se movimenta! Não ouso levantar e não consigo mais tirar os olhos dali. Fico olhando, incrédulo. De joelhos, vou me aproximando.
Que é que está acontecendo? [...]. Agora vejo a barriga toda. Numa enorme ferida lateral, algo está se mexendo. Me ergo, para ver melhor. Estico meu pescoço e, nesse momento, a ferida se abre, repentinamente, a tampa da barriga se levanta e um enorme rato ensangüentado, brilhoso resvala pela montanha de cadáveres. Outros ratos alvorotados saem do amontoado de cadáveres e fogem”.8


Enquanto todas as outras crianças dos campos de extermínio são mortas, Wilkomirski sobrevive. Primeiro, o campo de Majdanek, depois, um transporte ferroviário, incluindo um acidente, para Auschwitz-Birkenau, e, finalmente, também este último campo. No abrigo de crianças, na Suíça, por fim, seu nome é trocado de forma não esclarecida, e ele passa a chamar-se Bruno Grosjean e, depois da adoção, Bruno Dössekker. Ele estuda História e aprende a construir instrumentos musicais, vindo a trabalhar como professor de música. Aos 18 anos, conta sua história a uma amiga que vem da Letônia e passa a estudar intensamente a história do Holocausto. No início dos anos 1980, fica muito doente de um mal do sangue e afirma que se trata de uma conseqüência tardia das experiências médicas a que fora submetido em Majdanek. Sua segunda esposa dá testemunho sobre a forma em que as memórias traumáticas estão voltando. Ele procura uma terapeuta e também conhece o psicoterapeuta judeu Elitsur Bernstein, e ambos o incentivam a escrever sua história.

Na Neue Zürcher Zeitung, o pequeno livro foi louvado com substantivos como “densidade, imutabilidade e força imagética” e como “fardo do século”. O texto foi traduzido para nove línguas, Wilkomirski recebeu vários prêmios, entre os quais o “Jewish Quartely Literacy Prize”, da Grã-Bretanha, o “National Jewish Book Award”, dos Estados Unidos, e o “Prix Mémoire de la Shoah”, da França. Também a cidade de Zurique homenageou seu filho. Wilkomirski foi convidado para vários eventos, nos quais sua presençainvariavelmente abalava os ouvintes. Wilkomirski apresentou-se como alguém alquebrado, profundamente entristecido, que não conseguia mais ler ele próprio passagens de seu livro, mas alguém lia por ele, leitura acompanhada da execução de cânticos judaicos ao clarinete. Mas Wilkomirski não se preocupou só consigo mesmo. Ele queria ajudar outras pessoas. Juntamente com seu amigo Bernstein, apresentou em diversos congressos científicos um método terapêutico próprio. Através da combinação entre Psicoterapia e Ciência Histórica, esse método se propõe a despertar a memória da primeira infância, e com isso ajudar a todas aquelas pessoas que têm dúvidas sobre suas origens a esclarecer sua identidade. A seguir, ele começou a incluir outras pessoas em sua biografia e em suas apresentações públicas. Em Israel foi achado seu pai. O retorno do filho pródigo ficou registrado em imagens no filme “A lista de Vanda”.9

Entre as muitas cartas que Wilkomirski recebeu, achava-se uma de uma tal de Laura Grabowski, de Los Angeles. Também ela sobreviveu a Auschwitz, com a idade de quatro anos, e só em meados de 1997 conseguiu reunir forças para juntar-se a um “Holocaust Child Survivors Group”. Wilkomirski a encontrou em um evento no dia da memória do Holocausto de 1998, na sinagoga de Beverly Hills. Wilkomirski tocou clarinete, Grabowski piano. No final do encontro, declarou à BBC que ele a reconheceu.10

Ainda antes de o livro de Wilkomirski ser editado, houve dúvidas sobre a veracidade do conteúdo. O jornal suíço Weltwoche encarregou o escritor judeu Daniel Ganzfried a fazer uma investigação. Ele leu o livro, considerou-o totalmente inverossímil, e em muito pouco tempo descobriu a identidade de Bruno Dössekker.11

Simultaneamente, foi desmascarada a identidade falsificada de Laura Grabowski, a qual desapareceu. Não se tratava de sua primeira falsificação. Em meados dos anos 1980, ela se apresentara como Laura Stratford, com um livro-revelação intitulado Satan’s underground, na época em que se discutia nos Estados Unidos sobre uma suposta onda de maus tratos a crianças e de cultos satânicos. 12 No livro, relata como ela, aos seis anos, na qualidade de filha adotiva, fora entregue, por sua mãe, durante meses, a estupradores e depois deixada com um grupo que se dedicava à pornografia infantil. Ali, ela ficara presa durante semanas numa caixa juntamente com cadáveres de crianças, até que se declarasse disposta a participar do sacrifício ritual de crianças. Ela gerou três filhos, que foram assassinados diante dela durante a produção de filmes e em cerimônias rituais. Seu livro com essas histórias de horrores teve 140.000 exemplares vendidos nos Estados Unidos, e a nação chorava juntamente com ela em igrejas e na televisão. Quando as dúvidas sobre sua história começaram a aumentar, ela desapareceu, para reaparecer alguns anos depois, como sobrevivente do Holocausto. Seu verdadeiro nome é Lauren Willson.



7 WILKOMIRSKI, Binjamin. Bruchstücke: aus einer Kindheit, 1939-1948. Frankfurt:
Suhkamp, 1995, p. 9 e seg.

8 Ibid., p. 80 e seg.
9 “Reshimot Vanda”, de Vered Berman, Estado de Israel, 1995.
10 “Child of the death camps: truth & lies” (BBC-TV, 1999).
11 GANZFRIED, Daniel. Die geliehene Holocaust-Biographie. Die Weltwoche, n. 35, de
27 de agosto de 1998.
12 PASSANTINO, Bob & GRETCHEN; Trott, Jon. Lauren Stratford: from satanic ritual
abuse to Jewish Holocaust survivor. Cornstone, vol. 28, n. 117, 1999.



(Continua)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Síndrome de Wilkomirski: História Falsificada (I)



A Síndrome de Wilkomirski: História Falsificada


por
WOLFGANG HEUER*



[Texto retirado de: Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, Edição Especial, n. 2, p. 35-47, 2006]




Resumo: A utilização da memória pela História nos remete à questão da confiabilidade, e, com isso, “ao voto de confiança” (Ricoeur) à testemunha. Em contraste com as formas usuais de tentar impedir ou impor a memória, o interesse público contemporâneo por depoimentos pessoais tem levado a muitos casos de falsificação da memória, entre os quais o mais famoso é a história de “Wilkomirski”. O presente artigo se dedica às formas atuais de autovitimização, procura entender por que a maioria dos historiadores falhou em reconhecer a falsificação, por que mentir traz mais vantagens do que dizer a verdade, e qual a função do julgamento crítico como pré-requisito para a confiabilidade.


Falsificações constituem um problema antiqüíssimo na História. Como escreveu Paul Ricoeur em sua conferência sobre “L’écriture de l’histoire et la représentation du passé”,1 há três razões possíveis para essas falsificações: primeiro, elas servem para impedir a memória; segundo, elas servem para manipular a memória; e, terceiro, elas servem para impor a memória.

Mas deve-se distinguir claramente entre duas coisas: lembrança e memória, por um lado, e História e representação histórica, por outro. No primeiro caso, na lembrança, trata-se de um processo individual, que também pode assumir uma dimensão psicossocial; no segundo caso – o da representação histórica –, trata-se de um processo mais distanciado e, ao mesmo tempo, mais político. Ricoeur volta sua atenção em especial para o primeiro processo – sem excluir o segundo.
Para exemplificar uma situação de impedimento da memória, ele chama a atenção para a tentativa de exclusão da memória descrita por Freud. Para mostrar a manipulação de memória, ele cita o direcionamento do relato individual através de omissões e de silêncios. E, finalmente, a imposição da memória ele enxerga no círculo familiar, onde a geração mais velha, através de seu relato sobre o passado, prescreve à geração mais nova a interpretação a ser dada à História. De fato, encontramos esses três tipos de falsificação também no plano da escrita da História ou da representação política: o silêncio sobre, ou a negação de um acontecimento; uma escrita da História guiada por interesses e, com isso, manipulada; e, finalmente, a representação oficial da história nacional. Essas falsificações na memória e na escrita da História não seriam tão freqüentes se o processo de compreender os acontecimentos não estivesse tão estreitamente vinculado a fenômenos da lembrança. Para Ricoeur, uma fenomenologia da lembrança se compõe da presença da memória, da mnêmê, e da busca pela memória, da representação ou anamnêsis.

A presença da memória, que é ao mesmo tempo imagem e reprodução da imagem, e a rememoração, que muitas vezes consiste num penoso buscar-nalembrança, oferece, estruturalmente, todas as possibilidades para modificações e para falsificações. Pois nem a memória nem a rememoração oferecem qualquer outra coisa que quadros imaginados. Como, neste caso, sempre é possível que ocorram enganos decorrentes da diferença entre realidade e sua reprodução, a tentação de produzir ilusões e de auto-iludir-se é igualmente grande.

Essa falta de nitidez estrutural não representa apenas um desafio para a pretendida exatidão da memória e das representações históricas, mas também uma tentação de se transitar dos fatos para a ficção. É por isso que urge responder àquilo que Ricoeur chama de “voto de confiança”: “Se a memória é um quadro imaginado, como não confundi-la com a fantasia, com a ficção ou com a alucinação? Assim, no início de um empreendimento que pretende levar da lembrança para a História está um ato de confiança em uma experiência que se pode entender como uma experiência primordial nesse campo, isso é, a experiência do reconhecer”.2

A partir deste ponto, gostaria de me dedicar a um fenômeno específico, qual seja o de um relato de vida conscientemente falsificado. Ele se apresenta como uma vivência autêntica e reivindica o
status de fonte histórica, que está na base de toda a escrita da História. No centro está o relato Fragmentos, de Binjamin Wilkomirski.
O sucesso dessa história inverídica nos remete às seguintes perguntas:
  • Por que a maioria dos historiadores falhou na sua avaliação?
  • Qual o papel exercido pelo contexto intelectual e cultural para o sucesso desse relato?
  • Qual a vantagem que a mentira tem sobre a verdade?
  • E, que papel exerce o voto de confiança, proposto por Ricoeur?

Histórias inverídicas

Nos últimos anos uma série de histórias de vida falsificadas apareceu no mercado. Assim, durante dois anos, podia ler-se na Internet o diário da teenager Kaycee Nicole, que relatava sua luta contra o câncer, até que morresse, em 2001. Milhares de leitores acompanhavam sua luta pela sobrevivência, mandavam-lhe cartas e presentes, lhe telefonavam e mobilizavam uma parcela crescente da opinião pública, até que, depois de sua suposta morte, uma investigação mostrou que Kaycee Nicole nunca havia existido. Ela fora uma invenção de uma dona de casa no Kansas.3

Em 1980, a jornalista americana Janet Cooke publicou no Washington Post a comovente história de um menino de oito anos, viciado em heroína. Marion Barry, o prefeito de Washington D. C. ficou tão comovido que mandou procurar o menino – mas, em vão. Apesar das dúvidas crescentes sobre a autenticidade da história, Janet Cooke recebeu o cobiçado Prêmio Pulitzer, que ela teve de devolver pouco tempo depois. Dez anos mais tarde, porém, os direitos de filmagem dessa história foram vendidos por 1,5 milhões de dólares americanos.4

Na Austrália, a autobiografia My own sweet time, da aborígine Wanda Koolmatrie despertou grande curiosidade, em 1995, tendo recebido um prêmio literário nacional para mulheres estreantes na literatura. Dois anos depois, descobriu-se que o livro não fora escrito
por uma mulher, mas sim por um homem – que não era aborígine, mas sim branco. Na mesma semana foi desmascarada mais uma falsificação, na qual apenas os papéis sexuais estavam invertidos: o festejado pintor aborígine “Eddie Burrup” revelou-se uma mulher irlandesa de 82 anos.5

No ano 2000, Paul Parks, de Boston, um negro defensor dos direitos humanos, já aposentado, recebeu o prêmio Raoul Wallenberg, da organização judaica B’nai B’rith, de Berlim, por seu destacado empenho humanitário. Ele e outros veteranos das forças armadas aliadas receberam esse prêmio por terem participado da libertação de campos de concentração, ao final da Segunda Guerra Mundial. Paul Parks esteve no primeiro tanque que entrou no campo de concentração de Dachau, perto de Munique. No filme The last days, de Steven Spielberg, premiado com um Oscar, Paul Parks relata sua história. Ela, porém, foi contestada por outros veteranos norte-americanos. Descobriu-se que durante a libertação de Dachau Paul Parks nem se encontrava na Alemanha, e sim numa base americana na Inglaterra. Parks contava sua história desde 1978, aparecendo, desde 1987, como cobiçado conferencista entre grupos judaicos e sobreviventes do Holocausto, tendo sido feito patrono do “New England Holocaust Memorial”, em Boston. Ele
foi um dos poucos defensores negros de direitos humanos que se interessou pela história judaica, e assumiu funções de mediador entre a população negra e a branca, na cidade de Boston, quando esta foi agitada por conflitos raciais.

Em 2005, foi noticiado que o presidente da Agrupación Amical Mauthausen, que congrega sobreviventes de campos de concentração, Enric Marcó, nunca esteve preso em qualquer campo de concentração. Durante 30 anos, o cidadão, que entrementes tem 84, viajou pelo mundo relatando as barbáries a que foi submetido no campo de concentração alemão de Flossenbürg. Na última vez, se apresentou no parlamento espanhol, por ocasião da rememoração dos 60 anos de libertação de Auschwitz. Marcó não foi preso em 1943 pela GESTAPO, na França, como membro da resistência francesa e deportado para o campo de concentração, como afirmara.
De fato, ele se apresentara, em 1941, como voluntário para ir à Alemanha, quando Franco, a pedido de Hitler, enviou trabalhadores especializados para a indústria bélica alemã. Marcó trabalhou até 1943 num estaleiro em Kiel, e depois regressou à Espanha.6

* Cientista político na Universidade Livre de Berlim; publicou trabalhos sobre Hannah
Arendt, sobre coragem cívica, sobre debilidades da democracia, entre outros; professor-
visitante em universidades brasileiras. E.mail: wolfgang.heuer@gmx.de.
A tradução do texto é de René E. Gertz.
1 RICOEUR, Paul. L’écriture de l’histoire et la représentation du passé. Annales, ano
55, n. 4, jul.-ago. 2000, p. 731-748.
2 RICOEUR, loc. cit., p. 723.
3 The short life of Kaycee. The Guardian, 28 de maio de 2001.
4 The story. Washington Post, 19 de abril de 1981, p. A12-A15. E: “Whatever happened
to ... – former Washington Post reporter Janet Cooke sold movie rights to the fictitious
story – of an 8-year-old heroin addict named ‘Jimmy’ for $1.5 million” (John Elvin –
Insight on the news, 24 de abril de 2000).
5 Another acclaimed “aboriginal” artist turns out to be white (Peter James Spielmann –
South Cost Today –
www.southcoasttoday.com/daily/03-97/03-17-97/b06ae053.htm).
6 “El presidente de las víctimas españolas em Mauthausen confiesa que nunca fue
preso de los nazis” (El Mundo, 11 de maio de 2005).

(continua)

Sobre Benjamin Wilkomirski podem ficar a saber mais aqui.

As Mentiras do Caça-Nazis (V)








(Continuação)






5 - A CAMINHO DE MAUTHAUSEN


VO - Percorreu os 315 quilómetros entre Gross-Rosen e Mauthausen, perto de Linz, na Áustria, com o pé gangrenado e sem sapatos. Só um pedaço de tecido a proteger a pele e o pau de vassoura a servir de bengala. Morreram 1200 prisioneiros pelo caminho. Ele não.


NV - "Com uma infecção tão grande, teria sido uma grande sorte sobreviver", questiona Walters. O autor duvida da gravidade do ferimento. O caça-nazis garante que chegou a Mauthausen em Fevereiro de 1945, depois de ter sido dado como morto e transportado no meio de corpos. Outros presos descobriram-no com vida e levaram-no para a enfermaria dos moribundos. Terá ficado internado até Maio, data da libertação. Por essa altura a gangrena tinha-se espalhado até ao joelho, contou. Comia apenas uma fatia de pão e uma salsicha por dia e pesava 45 quilos. Garantia ter conseguido andar quando os americanos entraram no campo. "Para ele se poder levantar, a perna teria de estar curada: ou porque tinha tomado antibiótico ou porque lha tinham amputado. Sabemos que ele não perdeu a perna. E era altamente improvável que os nazis dessem esse tipo de remédio a um judeu", concluiu Walters.


COMENTÁRIO: Primeiro mentira: a ser verdade a natureza daquele ferimento, aliado à má nutrição, jamais lhe permitiria tais movimentos. Segunda mentira: depois de lermos aqui como era a vida em Mauthausen, existir uma enfermaria para tratar dele e medicá-lo é, no mínimo, surreal.

Resta-nos rir. E muito. rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

terça-feira, 18 de agosto de 2009

David Irving e os “Campos da Ação Reinhardt” (Final)



Um aviso a David Irving

Eu não sei quando será lançado o livro de David Irving sobre Heinrich Himmler, anunciado há muito tempo, mas eu temo já saber a tese central deste livro: sim, o Holocausto aconteceu, milhões de judeus foram de fato assassinados, porém, somente uma pequena parcela foi gaseada em Auschwitz. 2,4 milhões de judeus foram mortos de forma desconhecida em Belzec, Sobibor e Treblinka; entre um e dois milhões foram fuzilados na Rússia ou assassinados em carros de gás. Por este crime, Adolf Hitler não tem qualquer responsabilidade. Tudo isso foi ordenado e organizado pelo Reichsführer SS Heinrich Himmler, que de alguma forma conseguiu levar a cabo tal gigantesco massacre sem o conhecimento de seu Führer.

Como Heinrich Himmler é pouco admirado, mesmo entre reconhecidos nacional-socialistas, Irving parece tê-lo escolhido como perfeito bode-espiatório. Eu aviso Irving que tais afirmações somente terão o efeito de arruinar o que ainda resta de sua credibilidade. Todavia, muito pior é que elas significarão uma vergonhosa difamação. Heinrich Himmler pode ter bastante culpa em sua consciência, mas ninguém, nem mesmo David Irving tem o direito de lhe acusar do planejamento e execução de tal monstruoso abate que foi certamente impossível dele ter planejado e executado, pois ele simplesmente não aconteceu.

Um conselho para David Irving

Como outros brilhantes homens antes dele, David Irving levou um tremendo tombo, porém, quem caiu pode se levantar. Eu aconselho David Irving a se lembrar de uma antiga sabedoria popular: fatos são tiranos, eles não perdoam qualquer contradição. Tomara que David Irving consiga ter a coragem de considerar os fatos, e com isso chegue às inevitáveis conclusões. Não há simplesmente para ele qualquer outro caminho para salvar sua honra e reconquistar sua credibilidade.

Maio de 2009.

[1] David Irving, Hitler’s War, Wiking Press, New York 1977, S. 393.
[2] Robert Faurisson, “A Challenge to David Irving”, Journal of Historial Review, Volume 5, 1984.
[3] Fred Leuchter, An Engineering Report on the alleged “Gas Chambers” at Auschwitz, Birkenau and Majdanek, Poland, Samisdat Publishers, Toronto 1988.
[4] Deborah Lipstadt, Denying the Holocaust, Free Speech Press, New York 1994.
[5] Bundesarchiv Koblenz, R. 58/871.
[6] Ingrid Weckert, “’Massentötungen’ oder Desinformation?”, Historische Tatsachen, Nr. 24, Verlag für Volkstum und Zeitgeschichtsforschung, Vlotho 1985. Ingrid Weckert, „Die Gaswagen“, in: Ernst Gauss (editor), Grundlagen zur Zeitgeschichte, Grabert Verlag, Tübringen 1994.
[7] Pierre Marais, Les camions à gaz en question, Polémiques, Paris 1994.
[8] England and Wales High Court (Queen’s Bench Division), Decision David Irving v. Penguin Books Limited, Deborah E. Lipstadt, 7.11.
[9] Ebenda, 13.71.
[10] Castle Hill Publishers, Hastings 2004.
[11] http://www.fpp.co.uk/
[12] Carlo Mattogno, Jürgen Graf, Treblinka – Extermination camp or transit camp? Thesis and Dissertations Press, Chicago 2004.
[13] Raul Hilberg, Sonderzüge nach Auschwitz, Dumjahn Verlag, Mainz 1981, S. 177.
[14] Ebenda, S. 181.
[15] NO-5194.
[16] Peter Witte, Stephen Tyas, “A New Document on the Deportation and Murder of the Jews during ‘Einsatz Reinhardt’ 1942”, in: Holocaust and Genocide Studies, no. 3, Winter 2001, S. 469 f.
[17] Michael Treguenza,”Das vergessene Lager des Holocaust”, in: I. Wojak, P. Hayes (eds), „Arisierung“ im Nationalsozialismus, Volksgemeinschaft, Raub und Gedächtnis, Campus Verlag, Frankfurt/Main, New York 2000, S. 253.
[18] Raul Hilberg, Die Vernichtung der europäischen Juden, Fischer Taschenbuch Verlag, Frankfurt a. M. 1997, S. 946.
[19] In: Germar Rudolf (Ed.), Dissecting the Holocaust, Theses and Dissertations Press, Chicago 2003.
[20] S. Romanov, “Why the diesel issue is irrelevant”. www.holocaustcontroversies.blogspot.com
[21] Thomas Dalton, Debating the Holocaust, Theses and Dissertations Press, Chicago 2003, S. 110, 111.
[22] Friedrich Berg, “The Diesel Gas Chambers – Myth within the Myth”, Journal of Historical Review, Volume 5, 1984.
[23] David Irving, “On History and Historiography”, Journal of Historical Review, Volume 5, 1984.
[24] Jan Karski, Story of a Secret State, Houghton Mifflin Company, Boston 1944.
[25] Carlo, Mattogno, Belzec…, a.a.O., S. 13.
[26] Stefan Szende, Der letzte Jude aus Polen, Europa Verlag, Zürich 1945, S. 290 ff.
[27] URSS-93, S. 41 ff.
[28] N. Blumental (ed.), Dokumenty i materialy, vol. I, Lodz 1946, S. 211.
[29] Yuri Suhl, Ed essi si ribellarono. Storia della resistenza ebraica contro il nazismo, Mailand 1969, S. 31.
[30] K. Marczweska, W. Wazniewski, “Treblinka w swietle Akt Delegatury Rzadu RP na Kraji”, in: Biuletyn Glownej Komisji Badania Zbrodni Hitlerowskich w Polsce, Band XIX, Warsaw 1968, S. 136 f.
[31] Ebenda, S. 138 f.
[32] Ebenda, S. 139-145.
[33] Staatliches Archiv der Russischen Föderation, Moskau, 7021-115-9, S. 108.
[34] Wassili Grossman, Die Hölle von Treblinka, Verlag für fremdsprachliche Literatur, Moskau 1946.
[35] PS-3311.
[36] André Chelain (Ed.), Faut-il fusiller Henri Roques?, Polémiques, Paris 1986.
[37] Yitzhak Arad, Belzec, Sobibor, Treblinka. The Aktion Reinhard Death Camps, IndianaUniversity Press, Bloomington and Indianapolis 1987, S 334, 335.
[38] Carlo Mattogno, Jürgen Graf, Treblinka – Extermination Camp or Transit Camp?, Kapitel 4.
[39] Stanislaw Wojtczak, “Karny oboz pracy Treblinka I i osrodek zaglady Treblinka II”, in: Biuletyn Glowney Komisji Badania Zbrodni Hitlerowskich w Polsce, Warsaw 1975, Band XXVI, S. 183-185.
[40] A. Kola, Belzec: The Nazi Camp for Jews in the light of archeological sources: Excavations 1997-1999, The Concil for the Protection of Memory and Martyrdom, United States Holocaust Museum, Warsaw and Washington 2000.
[41] Ebenda, S. 65 f.
[42] Zentrale Stelle der Landesjustizverwaltungen, Ludwigsburg252/59, vol. I, S. 1227.
[43] Carlo Mattogno, Belzec…, S. 108.
[44] http://www.codoh.com/newrevoices/nrtksgwl.html
[45] Jozef Kermisz, Dokumenty i materialy do dziejow okupacji niemieckiej w Polsce, vol. II: “Akce” i “Wysiedlenia”, Warsaw-Lodz-Krakow 1946, S. 32 f.
[46] Ablichtung des Dokuments bei Tovi Blatt, Sobibor. The forgotten revolt, H. E. P., Issaquah 1998, Dokumentation ohne Seitenangabe.
[47] Staatliches Archiv der Russischen Föderation, Moskau, 7445-2-145, S. 80.
[48] Hoover Institute Library and Archives, Stanford, “Report on conditions in Poland”, Annex No. 7, Box 29.
[49] K. Marczewska, W. Wazniewski, „Treblinka w swietle akt Delegatury...“, S. 137.
[50] Z. Leszczynska, „Transporty wiezniow do obozu na Majdanku“, Zeszyty Majdanka, IV, 1969, S. 189.
[51] Tatiana Berenstein, Adam Rutkowski, „Zydzi w obozie koncentracijnym Majdanek (1941-1944)“, Biuletyn Zydowskiego Instytutu Historycznego w Polsce, no. 58, 1966, S. 16.
[52] Samuel Zylbersztain, „Pamietnik wieznia dziesieciu obozow“, Biuletyn Zydowskiego Instytutu Historycznego w Polsce, no. 68, 1968.
[53] Julius Schelvis, Vernichtungslager Sobibor, Metropol Verlag, Berlin 1998.
[54] Carlo Mattogno, Jürgen Graf, Treblinka…, S. 259-288.
[55] Terezinska Pametni Kniha, Terezinska Iniciativa, Melantrich 1995, S. 393.
[56] Raul Hilberg, Die Vernichtung der europäischen Juden, Fischer Taschenbuch Verlag, Frankfurt a. M. 1997, p. 946.

As Bombas Nucleares Foram o Fim da Guerra?


O mundo já conhece perfeitamente a história das duas bombas atómicas lançadas pelos EUA sobre Hiroshima na segunda-feira do dia 6 de Agosto de 1945 (“Little Boy”) e sobre Nagasaki na quinta-feira, dia 9 do mesmo mês (“Fat Man”).

“O lançamento das bombas serviu para colocar um ponto final na guerra", disse o Presidente Harry Truman.

Podem ter feito terminar a guerra, mas não fizeram cessar os bombardeamentos sobre o Japão.

No dia 14 de agosto de 1945, depois de duas bombas atómicas terem sido lançadas sobre o Japão e depois do Imperador Hirohito ter aceite a rendição porque “o inimigo possui agora uma nova e terrível arma com o poder de destruir muitas vidas inocentes e causar danos incalculáveis", o General Henry Harley “Hap” Arnold, unicamente para fazer aumentar o seu já inflamado ego (foi nomeado general de quatro estrelas em 1944), desenvolveu uma acção de terror nunca antes vista e completamente desnecessária dos céus sobre o Japão. (...)

Porque é que os ataques de 11 de Setembro contra a América são considerados "actos de terrorismo", mas um 'raid' com mais de 1000 aviões que bombardeou Tóquio, depois do lançamento de duas bombas atómicas, já não?

Com Pearl Harbor ou sem Pearl Harbor, o bombardeamento de Tóquio, no dia 14 de Agosto de 1945, foi um acto miserável e desprezível – pior que o bombardeamento de Tóquio, pior que o de Hiroshima e pior do que Nagasaki – porque foi completamente desnecessário. [leia a notícia na íntegra]

domingo, 16 de agosto de 2009

Conselhos de Verão do IHR


Innocent at Dachau, de Joseph Halow - 337 páginas $5.95



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The Life and Death of the Luftwaffe, de Werner Baumbach - 220 páginas $5.95



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