terça-feira, 4 de agosto de 2009

David Irving e os "Campos Aktion Reinhardt" (XI)


David Irving e os "Campos Aktion Reinhardt" (XI)

(continuação)


Sobibor ou o laudo pericial que nunca foi redigido

[Tradução de Waringham]

Sobre o terceiro Campo Reinhardt, o jovem e talentoso revisionista Thomas Kues fornece as seguintes informações:

“Em 26 de novembro de 2001, apareceu no The Scotsman um artigo donde se extraia que o arqueólogo polonês A. Kola e sua equipe teriam descoberto na área de Sobibor sete covas coletivas, [...] Embora já se tenham passado sete anos desde que as furações e escavações tenham sido executadas, não apareceu a esse respeito sequer um artigo, ou um único relatório ou laudo pericial, nem em inglês nem em polonês ou ainda em algum outro idioma”. [44]

Por que “não apareceu a esse respeito sequer um artigo, ou um único relatório ou laudo pericial, nem em inglês nem em polonês ou ainda em algum outro idioma”? Colocar a pergunta significa respondê-la.

Dois importantes documentos sobre os quais Irving se silencia.

À luz dos fatos mencionados, os campos Reinhardt não podem ter sido sob hipótese alguma centros de extermínio. Eles também não podem ter sido campos de trabalho, pois eram pequenos demais para abrigar o enorme número de pessoas para lá deportadas. Com isso resta apenas uma possibilidade: eles eram Campos de Passagem. Isto é confirmado por inúmeros importantes documentos alemães, que falam sobre uma “emigração” ou “evacuação” dos judeus para o leste. Principalmente coincidem com dois importantes documentos, os quais Irving se silencia a respeito, pois eles contradizem sua tese.

Em 17 de março de 1942, o funcionário Fritz Reuter do departamento para questões populacionais e abastecimento da secretária do Governo Geral, distrito de Lublin, fez uma anotação relacionada à conversa que teve no dia anterior com o SS-Hauptsturmführer Höfle; ele escreveu:

“Seria apropriado que os judeus levados para o distrito de Lublin fossem separados já na estação em aptos ou não ao trabalho [...] Os judeus inaptos ao trabalho vão todos para Bezec
(sic), a mais longínqua estação limítrofe da comarca de Zamosz. Hauptsturmführer Höfle está a construir um grande campo, onde os judeus aptos ao trabalho possam ser classificados segundo a profissão e colocados a trabalhar, [...] Em seguida ele explicou, ele pode receber diariamente 4-5 transportes com 1.000 judeus na estação terminal de Bezec. Estes judeus iriam para além das fronteiras e nunca mais retornariam ao Governo Geral”. [45]

O sentido deste documento não deixa dúvidas: judeus inaptos ao trabalho devem ser expulsos do Governo Geral e deportados para os territórios do leste. A frase, onde Belzec era “a mais longínqua estação limítrofe da comarca de Zamosz”, só tem sentido em relação com uma deportação para além das fronteiras. Como Sobibor, Belzec situava-se no extremo leste do Governo Geral, próximo à fronteira ucraniana.

Naturalmente David Irving poderia alegar em sua defesa que Reuter utilizou uma linguagem codificada, e as frases – os judeus iriam “para além das fronteiras” e “nunca mais retornariam ao Governo Geral”, significam na realidade que os judeus seriam mortos em Belzec. Eu iria aconselhar Irving a se distanciar de tal consideração, pois elas são por demais ridículas.

Em 15 de julho de 1943, Heinrich Himmler ordenou:

“Transformar o Campo de Passagem de Sobibor em um Campo de Concentração”.[46]

Sobibor foi descrito oficialmente como um Campo de Passagem!
(continua)

1 comentários:

Diogo disse...

Vem de encontro àquilo que eu penso: os campos Reinhardt eram local de passagem para a Ucrânia e para a Bielorrússia.